A rede municipal de Saúde Mental deve priorizar formas menos invasivas de tratamento e optar pela internação apenas como última opção. Esta definição foi apresentada na tarde desta quarta-feira, 19, na segunda reunião do Fórum Permanente de Saúde Mental e Combate à Dependência Química, do vereador Pedro Kawai. O encontro foi realizado no plenário Francisco Antonio Coelho, da Câmara dos Vereadores de Piracicaba.
Vandrea Novello, coordenadora do Programa Municipal de Saúde Mental, detalhou os diversos equipamentos à disposição da sociedade para o atendimento de pessoas com problemas psiquiátricos e, especialmente, de dependência química. Vandrea recorda que, após a constatação da ineficácia do tratamento por internação, o Ministério da Saúde passou a estabelecer uma rede receptiva a partir de ambulatórios anti-drogas, Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) e residências terapêuticas.
Atualmente, o sistema de atendimento envolve 8.600 prontuários de inscrições, passando por diferentes momentos e estágios de tratamento. Há diferenças, por exemplo, entre àqueles que são atendidos nos ambulatórios dos bairros, consideradas portas de entrada da rede, e os que estão nas residências terapêuticas, as chamadas “repúblicas”. Estas atuam com egressos de internações. Nestes espaços, eles contam com programas de geração de renda, oficinas artesanais e outras formas ressocialização.
De acordo com estimativas do Ministério da Saúde, 3% da população necessita de atendimento continuado, 12% terão algum episódio eventual de transtorno mental e 8% são acometidos de transtornos decorrentes ao uso de drogas. Desta forma, existe a necessidade de ampliação da rede municipal, já prevista em plano aprovado ano passado pela Secretária Municipal de Saúde e pela Diretoria Regional de Saúde (DRS), ligada ao Governo do Estado, e que deve ser implementada completamente até o final de 2017.
Entre as mudanças, está na transformação dos ambulatórios em CAPs, como uma maneira de “ampliar o poder de atuação”. Ainda assim, o CAPs II Bela Vista deverá ser transformado em CAPs III, tendo atendimento 24 horas e leito noturno. Além disso, seria criado o CAPs AD III (especificamente para atendimento a adictos), mais uma residência terapêutica, ambulatório infantil e um CAPs infantil.
“Algumas pessoas costumam atribuir o problema do tratamento de dependentes químicas ao fim das alas masculina e feminina do antigo Hospital Cesário Motta”, observa Vandrea. “Mas hoje a gente já sabe que o tratamento por internação é ineficaz, por isso a rede municipal precisa oferecer outras alternativas e ter e essa opção só como ‘último caso’”, defendeu a coordenador do Programa de Saúde Mental de Piracicaba.
O vereador Pedro Kawai lembrou que esta foi apenas a segunda reunião do Fórum Permanente de Saúde Mental e de Combate à Dependência Química. Da primeira, realizada em janeiro, ele iniciou um trabalho de mapeamento das atividades exercidas por diversas entidades, públicas ou privadas, e pretende, no próximo encontro, agendado para julho, trazer alternativas e opções para trabalhar a prevenção ao uso de drogas.
A reunião contou com a participação de secretarias municipais, como a de Desenvolvimento Social (Semdes), e representantes do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Polícia Militar, a Diretoria do Departamento Regional de Saúde, Conselho Municipal sobre Álcool e Outras Drogas, Conselho Municipal de Saúde, o Conselho Municipal de Assistência Social, os Conselhos Tutelares.