Em tempos de manifestações populares, a Revolução Constitucionalista de 1932, deflagrada em 9 de julho, tornou-se referência em defesa da Democracia. Na última terça-feira pela manhã – feriado estadual em celebração à data –, a necessidade de defesa do Estado Democrático de Direito foi defendida por autoridades durante a solenidade no salão nobre “Helly de Campos Melges” na Câmara de Vereadores de Piracicaba. Na oportunidade, foram feitas homenagens a veteranos do levante e em memória aos que já faleceram.
“A Democracia em que estamos vivendo é graças a estes abnegados que, de maneira voluntária, pediam o restabelecimento de uma Constituição, destituída após a subida ao governo central de Getúlio Vargas”, disse o vereador João Manoel dos Santos (PTB), presidente da Câmara de Vereadores de Piracicaba. “Em comparação ao que vivia-se em 1932, hoje é muito mais ‘fácil’ sair às ruas em prol de diversas causas, como temos visto recentemente em diversas cidades brasileiras”, acrescentou João Manoel.
A major Adriana Sgrigneiro Nunes, da Polícia Militar, lembrou da participação crucial da corporação – em 1932, denominada ‘Força Pública’ – no treinamento e armamento de cerca de 100 mil voluntários. “Éramos 10 mil policiais militares para fardar, ensinar e até produzir armamentos para tantas pessoas”, disse ela, que ressaltou, ainda, a participação das policias militares em todo País na defesa da ordem em prol da Democracia. “A corporação tem papel fundamental na manutenção da ordem, porque não há progresso sem ordem.”
Representando o prefeito Gabriel Ferrato, o vice-prefeito João Chaddad lembrou a situação da comunicação em 1932, quando os voluntários paulistas saíram contra o governo instaurado na época. “Hoje, temos informações a todo momento, em seus celulares, de diversas maneiras, naquela oportunidade, estes abnegados mal sabiam o que ocorria e lutavam a partir apenas daquele ideal, de restaurar a Constituição no País”, disse.
Levantamento oficial aponta que 934 paulistas morreram na revolução que durou entre julho e outubro de 1932 – entre eles, estavam 20 piracicabanos –, mas dados extra-oficiais dão conta de que este número pode chegar a 2.200. “Para ter idéia do tamanho deste levante, o número de mortos é o dobro da quantidade de soldados brasileiros que foram à II Guerra Mundial, em 1944, quando o Brasil integrou a forças que retomaram a Itália dos fascistas”, comparou Edson Rontani Jr., neto de voluntário de 1932 e presidente do Núcleo M.M.D.C, voltado para manter a memória da Revolução Constitucionalista.
Durante a solenidade, foram homenageados Iscar Antonio Bressan e Romeu Gomes de Oliveira, ex-voluntários piracicabanos ainda vivos. Também foram lembradas 16 voluntários já falecidos com entrega medalha a familiares. Receberam homenagens familiares dos ex-combatentes Armando Ferreira Alves, Christiano Marius Peetz, Giácomo Galdi, João de Aguiar, João Rocha, Joaquim Moreno, José Martins, José Pires Fleury Júnior, Júlio de Andrade, Leônidas Fogaça, Luiz Castilho, Luiz Gomes dos Reis, Mário Ducatti, Ormindo de Camargo, Silvino Carletto e Walter Radamés Accorsi.
A solenidade contou com declamação da poesia “Ode ao Nove de Julho”, feita pelo poeta Ésio Pessato, entrega de Voto de Congratulações ao guarda João Erick da Silva Cerqueira, primeiro colocado no concurso da Guarda Civil Municipal (GCM) de autoria do vereador Pedro Kawai (PSDB) e homenagens a entidades e corporações parceiras para realização da celebração à data cívica. Também participação da reunião os vereadores Luiz Arruda e capitão Silas Romualdo (comandante da GCM Piracicaba), subtenente de Cavalaria do Exército Brasileiro, Jorge Luiz Pires, instrutor-chefe do TG 02-028 de Piracicaba.
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