Um importante passo para amenizar o constrangimento pelo qual passam os ostomizados foi dado ontem (21). O prefeito Gabriel Ferrato (PSDB) sancionou o projeto de lei de autoria do vereador Pedro Kawai (PSDB) que garante a identificação, por meio de uma carteirinha a ser emitida pela Prefeitura, de pessoas ostomizadas, que precisaram passar por uma intervenção cirúrgica para fazer no corpo uma abertura ou caminho alternativo de comunicação com o meio exterior, para a saída de fezes ou urina, assim como auxiliar na respiração ou na alimentação. Essa abertura é chamada de estoma.
Os ostomizados, de acordo com Kawai, são pessoas que tiveram câncer na bexiga ou no intestino e foram submetidos à intervenção cirúrgica para extração de parte do organismo, afetado pela doença. “Com a cirurgia, os ostomizados fazem as suas necessidades em uma bolsa. A nossa intenção, com a aprovação desse projeto, é facilitar a vida deles na fila do banco com a preferência no atendimento, pois eles ficam constrangidos ao ter de levantar a camisa para mostrar a bolsinha”, relatou o vereador.
A partir de agora, os ostomizados terão o mesmos direitos de uma pessoa portadora de algum tipo de deficiência e terão preferência de atendimentos em locais públicos e privados.
Associação
Em 02 de agosto deste foi fundada a Associação Piracicabana dos Ostomizados, que tem como presidente Ademir Barbosa. “O Pedro Kawai nos ajudou muito, pois é muito difícil a vida de um ostomizado. Por exemplo, em filas, seja de banco ou outros lugares, as pessoas não acreditam, pois a bolsinha fica presa ao corpo por debaixo da camisa. Somos um deficiente como qualquer outro, mas invisível aos olhos da população”, justificou Barbosa.
Em Piracicaba, segundo dados da associação, existem 300 pessoas ostomizadas, dessas, 80 mulheres. João Francisco é um deles, aposentou-se no serviço público como policial civil e desenvolveu a doença dois anos após parar de trabalhar. “Trabalhei por mais de 35 anos sem nenhum problema, mas, dois anos após aposentar-me tive urostomia (câncer na bexiga). Fiz quimioterapia e não resolveu, sendo necessária a operação, que retirou um pedaço de minha bexiga”, desabafou. Ainda de acordo com Francisco, um ostomizado, até antes do surgimento da associação, gastava cerca de R$ 200,00 por mês em insumos como gazes, bolsas, duchas higiênicas e medicamentos.
O advogado da associação, Carlos Medina, presente no ato da assinatura da Lei Municipal, afirmou que o trâmite não foi complicado. “O processo foi simples, pois procuramos o vereador Pedro Kawai que ficou sensibilizado com a nossa situação. De pronto, o vereador tomou as providências na Câmara”, afirmou Medina.
Acompanhado do secretário municipal de Saúde, Pedro Mello, do chefe de gabinete da Prefeitura, Miromar Rosa e de membros da associação, o prefeito Gabriel Ferrato sancionou o projeto de Kawai, tornando-se Lei Municipal. A propositura entrará em vigor após publicação no Diário Oficial do município, o que deverá ocorrer nos próximos dias.
Adaptação de espaços municipais
Ferrato disse “que é obrigação da Prefeitura trabalhar pelo social. Estamos reformando alguns banheiros públicos, a exemplo do Engenho Central e Biblioteca Municipal para que os ostomizados possam usar o mesmo banheiro destinado às pessoas deficientes”, explicou o prefeito.
Pedro Mello disse aos presentes que existem 44 mil pessoas ostomizadas, que foram forçadas a retirar uma parte do intestino ou da bexiga. “As mulheres são mais vulneráveis e, a lei municipal, vem pra dar um pouco mais de conforto a eles”.
Ademir Barbosa, presidente da associação dos ostomizados, comemorou e anunciou planos: “Uma importante vitória que aconteceu hoje, além disso, vou a Atibaia (SP) participar de um encontro com outros ostomizados”.
Carteirinha
Os ostomizados, atendidos pela rede pública de saúde, interessados em fazer a carteirinha de identificação devem se dirigir à sede do Programa de Atendimento a Pacientes Ostomizados da Secretaria Municipal de Saúde, localizado na rua Gomes Carneiro, 1629. De acordo com Adriana Abreu, responsável pelo local, será feito um cadastro para posteriormente ser emitida a carteirinha. “Os pacientes devem trazer a carta do médico com o descritivo do problema e, a partir disso, será realizada uma análise do paciente, porque existem ostomizados temporários e crônicos, além disso, a identificação será emitida com um prazo de validade para que nós possamos acompanhar os ostomizados”, finalizou.
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