A criação do Dia Municipal dos Ostomizados, os passos para consolidação da associação que representa as pessoas submetidas à cirurgia e os exemplos de municípios paulistas nos tratamentos permearam o encontro Ostomizados – Discutindo Políticas Públicas, promovido pelo vereador Pedro Kawai (PSDB) no plenário da Câmara de Piracicaba nesta quarta-feira (5).
Abertura criada entre o intestino e a parte externa do corpo, a ostomia é um procedimento cirúrgico que possibilita a saída de fezes e urina. É realizada em pessoas com perfuração no abdome, como ferimentos à bala, ou em casos de câncer no reto, intestino grosso ou na bexiga. Como o paciente não elimina normalmente as fezes e a urina, ele depende de uma bolsa coletora dos dejetos ligada ao ostoma.
No início do encontro, Kawai citou as últimas conquistas no município, a partir de proposituras de sua autoria aprovadas na Câmara e já sancionadas pelo chefe do Executivo. Entre elas está a lei 7762/2013, que assegura atendimento prioritário a pessoas com ostomia em estabelecimentos comerciais, prestadores de serviço ou instituições que promovam atividades que impliquem atendimento ao público.
Após garantir ainda a lei complementar 312/2013 (reserva de vagas no trânsito), o decreto municipal 15.328/2013 (para concessão de carteirinhas de identificação pela Secretaria de Saúde) e apresentar a indicação 2987/2013 (para banheiros adaptados em órgãos públicos e eventos), Kawai apresentou, na primeira reunião ordinária do ano, o projeto de lei 5/2014. O texto prevê, a cada 16 de novembro, a comemoração do Dia Municipal dos Ostomizados. “Esse encontro surgiu a partir da necessidade de aprimorarmos o atendimento em Piracicaba”, disse Kawai.
O vereador também prestou assistência para que a criação na cidade da Associação Piracicabana de Ostomizados, cujo registro do estatuto ocorreu em 8 de janeiro. Presidida por Ademir Barbosa, a entidade sem fins lucrativos tem como meta prestar assistência a pessoas sem condições para a compra de medicamentos e bolsas coletoras. O atendimento é realizado de terça-feira a sexta-feira, das 13h às 17h, na avenida Independência, 171, em sala cedida pelo projeto Ilumina.
“Por mês, gasto em média R$ 200 entre medicamentos e insumos”, disse Barbosa, ao citar o próprio exemplo. “Muitos dos ostomizados são aposentados com salário mínimo e não dispõem de recursos financeiros suficientes para outros gastos”, declarou. Barbosa citou ainda que “ostomia é vida e representa a segunda chance de uma pessoa”. Por isso, considerou o presidente, os ostomizados “têm a obrigação de ser feliz”.
Para Mário Romero, presidente da Associação Valeparaibana de Ostomizados, embora a lei nacional estabeleça 10 bolsas mensais às pessoas com ostomia, o mais adequado seriam 30 unidades, possibilitando a troca diária dos pacientes. Com sede em Taubaté, a entidade fundada em 2004 atua em 39 municípios do Vale do Paraíba e conquistou a capacitação de todos os enfermeiros que atuam no sistema público de saúde para o atendimento adequado. “Por experiência própria, o sucesso no tratamento depende de 20% da medicina e 30% do ostomizado. Os 50% restante é com a família”, disse Romero, que defende o apoio familiar por meio de psicólogos.
Responsável pelo atendimento aos ostomizados na cidade, Adriana Abreu, da Secretaria de Saúde, disse que o avanço conquistado no último ano se deve à proximidade com a associação e que atualmente o Poder Público dá conta de suprir toda a demanda de material e atendimentos. “Mais do que a técnica, procuramos ouvir as necessidades dos pacientes.”
O encontro também teve a presença do vereador de Corumbataí, Luiz Antônio Jaques (PSDB); da enfermeira Denise Lautenschlaeger, da Santa Casa de Piracicaba; e de Simone Pompermayer Degaspari e Caroline Bortoletto, do Hospital dos Fornecedores de Cana. Segundo Kawai, a intenção é convocar novos debates ao longo do ano, para que eventuais problemas e dúvidas dos ostomizados na cidade sejam sanados.
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