As secretarias municipais de Defesa do Meio Ambiente (Sedema) e Turismo (Setur) lançam nesta segunda-feira (15), data em que se comemora o Dia do Rio Piracicaba, uma campanha que visa estimular a “convivência harmônica” entre a população e o manancial por meio de ações de conscientização ambiental e práticas educativas.
Entre os objetivos da campanha, segundo a Sedema, estão incentivar o turismo de natureza no complexo turístico do Rio Piracicaba e estimular ações sustentáveis de moradores da cidade e visitantes, principalmente em relação à produção de lixo. Disciplinar as atividades desenvolvidas na Rua do Porto a fim de reduzir a poluição e permitir o equilíbrio ecossistêmico também está entre as propostas da iniciativa.
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A campanha Rio Vivo será apresentada a partir das 9h na Área de Lazer do Trabalhador, que fica no início da Avenida Jaime Pereira, perto da Prefeitura, e contará com o plantio de 100 mudas de árvores. O primeiro dia de atividades está marcado para domingo (21), das 12h às 17h, em trecho da margem esquerda do Rio Piracicaba.
O Dia do Rio Piracicaba foi instituído em lei municipal aprovada em agosto de 2001 pela Câmara conforme proposta apresentada pela então vereadora Laurisa Cortelazzi (PV). Desde 2002, a data integra o calendário oficial de eventos do município e propõe reflexão sobre a relação entre a cidade e o rio.
Tradições locais
Rota do transporte de mercadorias e do desenvolvimento do interior paulista no passado, o Rio Piracicaba hoje é o símbolo mais representativo do município formado às suas margens. Ao longo do tempo, o rio inspirou inspirou canções e fotografias, além de ajudar a manter vivas tradições locais.
Uma das manifestações que resiste ao tempo às margens do Piracicaba é a Festa do Divino, que desde 1826 é realizada no mês de junho. “A Festa do Divino mistura crenças religiosas e profanas e só existe até hoje em Piracicaba por causa do rio. Não há como separar a programação, que há 187 anos inclui celebrações, festas, apresentações folclóricas, a derrubada e o encontro de barcos, da relação entre o piracicabano e o rio que corta e dá nome à cidade”, disse o historiador Fábio Bragança, que trabalha na Câmara.
Rio de lendas
Outras manifestações populares que revelam a intimidade entre o rio e o morador da cidade são as lendas criadas à beira do Piracicaba. Uma delas envolve o chamado "véu da noiva", nome que muitos relacionam à queda d’água localizada no trecho entre o Parque do Mirante e a passarela pênsil, logo depois do salto do Rio Piracicaba.
A primeira citação sobre o véu da noiva, no entanto, é de 1886 e nada tem a ver com a queda d'água. A expressão aparece no poema Noiva da Colina, de autoria do então promotor público da cidade Brazílio Machado Neto, também poeta e filho do escritor piracicabano Alcântara Machado. Conforme o texto, o véu da noiva é o “manto da neblina” que se forma sobre o rio em noites frias.
Há ainda outra versão para o nome. Essa remete a uma história de amor. Diz a lenda que os apaixonados Ari e Araci tinham o Rio Piracicaba como pano de fundo para o namoro. Era o local onde se encontravam sempre para trocar carícias e juras de amor eterno.
Em época próxima ao casamento, ao avistar uma flor entre as pedras, Ari se atreveu a enfrentar a correnteza para presentear a noiva e acabou arrastado pelas águas. Araci, inconsolada com a morte do amado, jurou voltar à margem todos os dias, até a velhice, na esperança de rever o amado.
“E há quem diga que até hoje ouve o choro da Araci”, disse Bragança. “São histórias como esta, verídicas ou não, que demonstram o quanto o Rio Piracicaba está enraizado na formação da cultura popular da cidade. Não dá para imaginar Piracicaba sem tudo o que o rio representou e ainda representa aos seus moradores e turistas”, afirmou o historiador.
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